A palavra Bardo vem da Europa Antiga e quer dizer alguém encarregado de transmitir histórias, mitos, lendas ou poemas de forma oral. Ele também fazia este movimento de forma cantada. Essas histórias e poemas eram recitados melodicamente com o som de um instrumento musical. O Bardo era multideterminado e multifacetado, ou seja, aquele que fluía simultaneamente em várias direções. Era músico, poeta, historiador e moralista.

Avançando um pouco mais na história, percebe-se que o Bardo passa então a ser chamado de trovador, um artista que tem sua origem no norte do sul da Franca e que geralmente estava acompanhado de instrumentos musicais compondo e entoando cantigas.

Este tipo de transmissão oral acabou sendo dissipado de tal forma que adquiriu muito sucesso, sendo preciso então a criação de um movimento ao redor de espetáculos trovadorescos mundialmente conhecido. Assim, a trova, que passou a ser popularmente conhecida, fez os poetas-cantores de origem aristocrática reservarem esta designação como sendo ela exclusivamente para si mesmos, para os quais utilizavam também a associação com as palavras “menestrel” ou “jogral”.

Com isso, surgem, pois, grandes embates nos saraus trovadorescos que se tornaram uma verdadeira disputa pelo direito de utilizar a designação dita “trovador”. Essas cantigas passaram assim a ter manuscritos e serem colecionadas nos chamados livros feitos por iniciativas dos nobres da época. Mais tarde, os humanistas reuniram grande número de trovas que vinham da cabeça do Bardo ou trovador, catalogando, todos eles, nos anais históricos.

No Brasil, a porta de entrada para o reconhecimento do movimento e da arte executada pelo Bardo seria o estado brasileiro do Rio Grande do Sul.  O personagem que traduz esta figura emblemática é o chamado repentista, aquele que improvisa em sextilha no estilo de trova.

A tradução mais fiel desta arte em terras brasileiras veio de Gildo de Freitas, um dos grandes nomes da trova gaúcha da década de 1960, mais conhecido como ‘’o Guri’’. Este personagem desempenhava a sua trova na região missioneira do estado gaúcho, impressionando a todos com seu grande talento e versos emocionantes.

Hoje em dia, pode-se falar nos personagens de games, dos jogos de fantasia medieval, que levam também o nome de Bardo, e que tem grande popularidade no mundo todo. Neste caso é traduzido como um viajante que luta para manter o equilíbrio na vida, no sentido de suportar a indiferença do caos, servindo ele para despertar o bem nas pessoas ao seu redor de sua própria maneira estranha.

Como profissões da atualidade que podem fazer referência ao Bardo da antiguidade, é possível se falar dos cantores ou contadores de histórias natos. Os cantores geralmente são bons músicos, cantando ou dedilhando as notas musicais em seus instrumentos. Já os contadores de histórias podem ser comparados com os atores e artistas plásticos, também se encaixando nessa analogia dos que contam de fato oralmente uma determinada história para um público específico. Os mestres digitalmente falando, que se destacam na arte de contar suas próprias histórias para um número expressivo de pessoas nas redes sociais, são chamados de youtubers.

Desta forma, o Bardo da antiguidade não deixou jamais de existir, só mudou de nome, ou melhor, aperfeiçoou suas habilidades para que pudessem se adequar as mudanças do tempo, juntamente com a evolução do mundo. No entanto, a intenção de trazer alegria e sentimentos bons, que pudesse dar maior sentindo a vida das pessoas ao seu derredor, são considerados até hoje como uma arte executada por alguém, que se destaca por sua valiosíssima fonte de informação.

Raiana Reis Costa
Jornalista, escritora, professora, artista, consultora e mentora.